sábado, 12 de maio de 2012

Vocação para ser mãe




Quem vê o corpo franzino pode até não acreditar, mas Juvina Andreza Vicente, hoje com 89 anos tem muito a comemorar nesse domingo Dia das Mães, sozinha ela foi mãe e pai de dez filhos. O tempo passou e permitiu que vó Juvina, como é chamada, continuasse com mente sã para contar as gerações mais novas às estórias de um tempo difícil, batizado por ela de “Graças a Deus já passou”.
Fome e frio foram apenas algumas das tantas dificuldades que podemos relatar que essa mãe enfrentou para não doar nenhum de seus filhos quando ficou viúva. O destino quis que vó Juvina se casasse muito cedo, com apenas 18 anos, algo normal para aqueles tempos. Logo em seguida começaram a vir os filhos, praticamente um atrás do outro, no entanto a vida reservou o desafio de desempenhar as funções maternas e paternas quando ficou viúva.
Alguns dos filhos já eram praticamente adultos, no entanto, o mais jovem tinha apenas quatro anos. Ela lembra que a decisão era simples e não hesitou em pensar duas vezes sobre o assunto. “Resolvi criar todos os meus filhos sozinha, sabia que se colocasse outro homem para dentro de casa tinha o risco de ter que me desfazer de meus filhos. E homem nenhum tem esse valor”, comentou.
Para ela a receita do sucesso é simples, se chama trabalho. Não escolheu e nem refugou as possibilidades de ganhar dinheiro. Na roça, como empregada doméstica e até mesmo vendendo galinhas na área central, foram algumas das alternativas que encontrou para ganhar o sustento familiar. Aos filhos, a ordem era clara, crescer e trabalhar, todos muito novos, ainda na adolescência já arrumaram alguns “bicos”, para livrar as despesas.
Quem tem a possibilidade de conversar algumas horas com vó Juvina, percebe nela um exemplo para todas as mulheres. Com pensamento moderno, chega a desafiar as gerações mais novas, o pensamento antigo com ela não tem vez. “A mulher deve ser independente, estudar, trabalhar para ter as coisinhas dela e não depender do marido”, afirma.
E por incrível que pareça, essa senhora até os 70 anos foi analfabeta.  Quando muitos se entregam a velhice ela decidiu que iria aprender a ler e escrever. Questionada pelo que a motivou a tomar tamanha decisão, a resposta é simples: “Pelo menos para conhecer as letras e poder ler e escrever algumas cartas”. Mas não foram apenas cartas que ela escreveu, num velho caderno, ela guarda pensamentos que registrou sobre a alegria de viver.
Uma das últimas conquistas da vó Juvina foi viajar de avião. Enquanto alguns filhos dela não gostaram da experiência, ela destaca que foi uma das melhores coisas que teve a oportunidade de fazer nos últimos anos. “É calminho, você não sente nada, eu gostei, se pudesse só viajava de avião”. 
Uma vida de sacrifícios e dificuldades hoje é reconhecida pelos filhos, os sete que ainda estão vivos sempre que podem visitam a mãe. O mesmo acontece com alguns netos que mesmo distantes, quando estão em Fraiburgo vão até a casa da vó. A idade já é avançada, mesmo conservando agilidade, uma das filhas Maria Vicente, optou morar com ela para fazer companhia e tomar conta dos afazeres, ou seja, quem sabe retribuir um pouco do bem que ela fez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comments system

Disqus Shortname