Quem vê o corpo franzino pode até não
acreditar, mas Juvina Andreza Vicente, hoje com 89 anos tem muito a comemorar
nesse domingo Dia das Mães, sozinha ela foi mãe e pai de dez filhos. O tempo
passou e permitiu que vó Juvina, como é chamada, continuasse com mente sã para
contar as gerações mais novas às estórias de um tempo difícil, batizado por ela
de “Graças a Deus já passou”.
Fome e frio foram apenas algumas das tantas
dificuldades que podemos relatar que essa mãe enfrentou para não doar nenhum de
seus filhos quando ficou viúva. O destino quis que vó Juvina se casasse muito
cedo, com apenas 18 anos, algo normal para aqueles tempos. Logo em seguida
começaram a vir os filhos, praticamente um atrás do outro, no entanto a vida
reservou o desafio de desempenhar as funções maternas e paternas quando ficou
viúva.
Alguns dos filhos já eram praticamente
adultos, no entanto, o mais jovem tinha apenas quatro anos. Ela lembra que a
decisão era simples e não hesitou em pensar duas vezes sobre o assunto.
“Resolvi criar todos os meus filhos sozinha, sabia que se colocasse outro homem
para dentro de casa tinha o risco de ter que me desfazer de meus filhos. E
homem nenhum tem esse valor”, comentou.
Para ela a receita do sucesso é simples, se
chama trabalho. Não escolheu e nem refugou as possibilidades de ganhar
dinheiro. Na roça, como empregada doméstica e até mesmo vendendo galinhas na
área central, foram algumas das alternativas que encontrou para ganhar o
sustento familiar. Aos filhos, a ordem era clara, crescer e trabalhar, todos
muito novos, ainda na adolescência já arrumaram alguns “bicos”, para livrar as
despesas.
Quem tem a possibilidade de conversar algumas
horas com vó Juvina, percebe nela um exemplo para todas as mulheres. Com
pensamento moderno, chega a desafiar as gerações mais novas, o pensamento
antigo com ela não tem vez. “A mulher deve ser independente, estudar, trabalhar
para ter as coisinhas dela e não depender do marido”, afirma.
E por incrível que pareça, essa senhora até
os 70 anos foi analfabeta. Quando muitos
se entregam a velhice ela decidiu que iria aprender a ler e escrever.
Questionada pelo que a motivou a tomar tamanha decisão, a resposta é simples:
“Pelo menos para conhecer as letras e poder ler e escrever algumas cartas”. Mas
não foram apenas cartas que ela escreveu, num velho caderno, ela guarda
pensamentos que registrou sobre a alegria de viver.
Uma das últimas conquistas da vó Juvina foi viajar
de avião. Enquanto alguns filhos dela não gostaram da experiência, ela destaca
que foi uma das melhores coisas que teve a oportunidade de fazer nos últimos
anos. “É calminho, você não sente nada, eu gostei, se pudesse só viajava de
avião”.
Uma vida de sacrifícios e dificuldades hoje é
reconhecida pelos filhos, os sete que ainda estão vivos sempre que podem
visitam a mãe. O mesmo acontece com alguns netos que mesmo distantes, quando
estão em Fraiburgo vão até a casa da vó. A idade já é avançada, mesmo
conservando agilidade, uma das filhas Maria Vicente, optou morar com ela para
fazer companhia e tomar conta dos afazeres, ou seja, quem sabe
retribuir um pouco do bem que ela fez.
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