JUCIELE BALDISSARELLI
Repórter
O inverno menos rigoroso desse ano, passa a
impressão de que a safra de maçã poderá ser prejudicada. Para uma boa produção,
são necessárias pelo menos 500 horas de frio, que devem ser abaixo de 7,2ºC. No
ano passado o radar da Antigranizo Fraiburgo registrou 600 horas, nesse ano foram
registradas apenas 200 horas. Nessa época do ano, as macieiras estão no período
chamado de dormência, uma espécie de descanso para recarregar as forças para a
florada que se aproxima. É sempre levado em conta o período medição das
temperaturas de 15 de abril até 15 de setembro.
No entanto, como nem tudo que parece efetivamente
é, o meteorologista João Rolin, explica que a previsão mostra que até setembro,
mês em que termina a dormência, será possível alcançar às 500 horas. O que
diferencia o inverno desse ano dos demais é de que ele não está sendo tão
intenso, visto que nos últimos dias foram registradas temperaturas mais
quentes. “No ano passado o inverno começou e terminou frio, não registramos
situações como a do mês passado com calor, nesse ano as temperaturas não são tão
amenas, mas não significa que não sejam boas também”, comentou.
O presidente da Associação dos Engenheiros,
Arquitetos e Agrônomos de Fraiburgo (ASSEAF), Jeferson Argenton, o qual é
agrônomo na empresa Fischer, firma que outra maneira utilizada para quantificar
a temperatura é através das unidades de frio, a qual ilustra a qualidade do
frio. Segundo Argenton, a situação está dentro da média, o veranico do último
mês não preocupou, pois até a quebra da dormência haverá temperaturas baixas,
atingindo assim a necessidade que a macieira possui. “Devemos levar em conta
outros fatores que estão ligados à qualidade do frio, como por exemplo, a
atuação do sol”, explicou.
Já a EPAGRI, que também faz medições de horas
de frio, possui como referência um dado inferior, com apenas 170 horas. Mas
igualmente a situação é considerada sobre controle. A engenheira agrônoma, Thaís
Raiden explica que ainda não se pode dizer que as temperaturas mais elevadas vão
prejudicar. Para a quebra da dormência da variedade gala, são necessárias em
média 400 horas de frio e a EPAGRI acredita que até o fim do mês de julho será
alcançada à quantidade.
Para a maçã, o veranico pode até não
influenciar, mas Thaís apresenta preocupação em relação às frutas de caroço,
como a ameixa, nectarina e pessegueiros, segundo ela, muitas já estariam até
mesmo com flores. Argenton compartilha do mesmo pensamento e explica que essas
árvores frutíferas não são tão exigentes quanto à macieira e assim que as
temperaturas se elevam elas já começam a apresentar os primeiros brotos, o que
poderá ser prejudicado com as geadas tardias.
Mesmo com a situação aparentemente estando
sobre controle, o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Maçã
(ABPM) Pierre Nicolas Perés é cauteloso e afirma que é
necessário monitorar essa situação atípica. O maior temor dos produtores é de
que as previsões meteorológicas não se confirmem, ou até mesmo, aconteçam
geadas tardias que poderiam prejudicar o broto das macieiras.
Se o calor no inverno for incidente, a maçã
poderá sofrer com deficiência na brotação e o aparecimento do rusting, que é um
defeito de aparência conhecido também como ferrugem. O rusting influencia
diretamente na comercialização, pois mesmo o saber sendo igual, mas a aparência
faz com que o consumidor refugue o produto nas gondolas dos supermercados. Para Perés, os meses de julho e agosto vão determinar a qualidade do
inverno e consequentemente do produto. Até o momento foram registradas 605 unidades
de frio, em anos anteriores teve-se cerca de 620, ou seja, falta pouco para
alcançar a meta.
FOTOS EPAGRI E FISCHER
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