sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Coluna Lá nos Frai: A imprensa Não Viu

Nunca se sabe o que se pode acontecer num evento político quando se espera muito dele. Mas, quando se tem muito a oferecer e não oferece nada, então é tempo perdido. O evento em Fraiburgo, ontem, com a presença de autoridades estaduais e federais, tinha por objetivo chamar a atenção para as dificuldades do setor, não faltou quase ninguém.  Exceto pela imprensa que foi proibida de participar dos dois eventos principais – a reunião e o almoço.
Mas, a pergunta que se faz é: se o evento era um apelo aos graves problemas da produção da maçã e ações para estimular o consumo seriam debatidas, não é um pouco ilógico que a imprensa seja proibida de participar? Já no final da manhã, alguns participantes – inclusive o governador Raimundo Colombo – visivelmente constrangidos com a injustificada proibição, trataram de atender a imprensa e esclarecer todos os temas debatidos.
A apresentação da ABPM trouxe um diagnóstico já conhecido. Porém, a abordagem foi diferente.  Dentre as principais propostas estão: 1) Governo deveria ofertar subsídio a fundo perdido para que o pequeno produtor fizesse, ele próprio, o seguro agrícola dos pomares; 2) O grande produtor teria um tratamento diferenciado no que tange ao seguro agrícola; 3) Incentivo do consumo de maçã na merenda escolar em todo País, inclusive pelas forças armadas.
No debate que seguiu, o prefeito Nelmar Pinz, o secretário Joao Rodrigues, o governador Raimundo Colombo e o senador Luiz Henrique foram os debatedores, que culminou com a aprovação da proposta de Pinz para a formação da “Bancada da Maçã” composta por Deputados Federais e Senadores dos três Estados do Sul, na defesa dos interesses dos municípios produtores.  O Senador Luiz Henrique vai convocar os parlamentares para as primeiras reuniões.
Por fim, as autoridades se deslocaram até uma área de pomares de maçã para cumprir com o ato da abertura da colheita. Em seguida, partiram para o Parque da Maçã onde houve pronunciamento e almoço com os trabalhadores e produtores do segmento. Parte da imprensa foi impedida de entrar no almoço, com alegação de falta de espaço. Assim foi a passagem de Colombo e sua comitiva por Fraiburgo.
Essa sexta-feira ficará na história de Fraiburgo, pelas conquistas do setor macieiro. Mas ela ficará também taxada por uma injustificada tentativa de coibir o trabalho da imprensa. Afinal, como a organização vai levar ao conhecimento da população as decisões do encontro, se não através da imprensa? E como a imprensa vai ter acesso às informações se ela é barrada na porta? Quero lembrar que a imprensa não foi de oferecida no evento. Ela foi convidada, fez credencial e logo em seguida surpreendida com desconvites.  Mas é como muitos fraiburguenses dizem: tem coisas que só acontecem Lá Nos Frai.

Textos citados abaixo produzidos por Editor Edélcio Lopes

CERCEANDO (1)

O que profissionais da imprensa viram ontem(10), em Fraiburgo, foi de espantar até mesmo aqueles que há duas, três décadas militam no jornalismo da região, e nunca antes vivenciaram algo parecido. Primeiro, a reunião técnica de trabalho entre produtores de maçã, autoridades e empresários, não foi aberta à imprensa, que acabou sendo mantida em uma sala reservada para a coletiva, que aconteceria num segundo momento.

CERCERANDO (2)

Antes da coletiva, uma pessoa da organização tratou de informar que ela seria restrita na abordagem de temas e que somente uma pergunta seria permitida para cada veículo. Eram sete, no total. Um sorteio foi realizado e definiu-se a ordem que os questionamentos se dariam, mas os jornalistas lá presentes decidiram fazer apenas uma pergunta aos sete que sentaram-se à mesa para responder à imprensa, caso a imposição fosse mantida pela organização. Optou-se, por fim, pelo óbvio e a coletiva transcorreu normalmente, sem cerceamento, como deve ser.

CERCEANDO (3)

A imprensa foi convidada para o almoço, oportunidade onde poderia fazer entrevistas direcionadas, inclusive sobre outros assuntos, com as autoridades presentes. Na entrada do local onde seria o almoço, foi mais uma vez barrada. A justificativa? Os jornalistas só entrariam se sobrassem lugares para eles. Mantidos ao lado da porta, como se leprosos fossem e não pudessem se misturar aos demais, lá ficaram por alguns minutos. A maioria, entretanto, que não estava ali para almoçar e sim para trabalhar, devolveu o convite, deu as costas e foi embora, digerindo aquele gosto amargo do puro desrespeito.

CERCEANDO (4)

Era simples a questão: se queriam manter a imprensa longe, por que convidaram? Ficou evidente que as autoridades não sabiam do que se passava e também não deram a ordem para barrar a imprensa. Isso vem a ser fruto da cabeça de alguma estafeta. E se for, ontem se deu mal, porque causou uma situação completamente adversa, constrangedora e totalmente desnecessária. É aquela velha história: quem tem mel, dá mel. Quem tem fel, dá fel. Quem nada tem, nada dá!


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