quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mulher que nasceu para ser motorista

As mãos delicadas parecem tão frágeis a ponto de não conseguirem controlar o volante de um ônibus, mas essa é apenas a primeira impressão que se tem ao ver uma mulher fazendo o que é tido como profissão dominada por homens. Mas é justamente na boleia da carreta ou do ônibus que a fraiburguense Mariza Aparecida Domingues Santin se considera realizada profissionalmente. Mariza é primeira mulher que se tem conhecimento no município de ter se tornado uma motorista de carros pesados.
Ela aprendeu a dirigir a cerca de 13 anos com o esposo Francisco Santin, na ocasião ele era caminhoneiro. Desde então nunca mais largou o volante, já trabalhou com carreta, caminhão e agora por último em ônibus. A motorista não esconde a paixão por carros e conta que sempre costumava acompanhar o marido nas viagens, como na maior parte das vezes o destino era o Nordeste, decidiu aprender a dirigir para assim poder revezar o trabalho entre os dois.
A carteira de motorista é categoria AE, mas aprender a dirigir não é a única coisa que satisfaz os sonhos dessa mulher. Além disso, sempre procura estudar, entende que não basta ser uma boa motorista, para ela é necessário ter conhecimento. Nesse ano deverá concluir o ensino médio, isso tudo de olho no mais novo sonho que é o de se tornar instrutora, ou seja, ensinar também os outros a dirigir.
“Eu tive a sorte do meu esposo ser paciente, ter a dedicação para me ensinar, pois eu não aprendi em carro pequeno, a primeira vez que eu peguei num volante já foi numa carreta. Agora estou planejando para no próximo ano fazer um curso e assim poder ajudar os outros, como um dia também fui ajudada”, contou.
Para Mariza a época de pegar a estrada e sair dirigindo carretas pelo Brasil já passou, pois hoje as prioridades são outras, entre elas ficar próxima da família. Além do esposo que hoje é aposentado, tem uma filha de oito anos, que por influência ou não dos pais, tem profunda admiração profissão.
“Eu chego em casa com o ônibus e ela me ajuda a fechar as janelas, limpar o coletivo. Muitas vezes pede para ir junto no serviço de tanto que ela gosta de carros grandes. Inclusive outro dia ela estava lamentado que agora o pai dela está aposentado e não vamos mais viajar pelo Brasil, mas o futuro a Deus pertence e acho cedo ainda para dizer que ela vai seguir nossos passos”, contou.
As gracinhas e brincadeiras do mundo masculino a que ela tem contato diariamente, já não a aborrecem mais. A motorista conta que o preconceito é algo presente, mas que vence os olhares desconfiados mostrando que é uma boa profissional. “Às vezes até mesmo os passageiros tiram onda da minha cara, eles embarcam e falam: Nossa uma mulher, eu não tenho seguro de vida!”, contou em meio aos risos.
Mariza se considera uma mulher sonhadora e batalhadora, que acima de tudo não deixa de lado o toque feminino no dia-a-dia de seu trabalho. Um simples batom ou um prendedor de cabelo colorido deixam transparecer a vaidade feminina. Com o jeito calmo e tranquilo, conquistou espaço, respeito e mostrou que é possível ocupar uma função considerada masculina. E segundo ela, só não desempenha tudo o que os colegas homens fazem de salto alto, por normas de segurança.
FOTO RÁDIO FRAIBURGO AM

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